domingo, 30 de setembro de 2012
Anna
Anna
Anna havia acordado de sonhos
intranquilos e estava apoiada à porta, nua. O som metálico de toda a estrutura anunciava,
em estalos fora de ritmo, a dilatação e a torção de todos aqueles milhões de
toneladas de metal ao seu redor. Sua buceta estava molhada e ela estava
sozinha. Ela tinha a impressão de que seu gozo lhe escorria pelas pernas e, na
verdade, escorria. Para ser mais preciso, uma ou duas gotas pingaram na
estrutura metálica e fria. Ela pisava descalça sobre aquele piso metálico.
Enquanto seu sexo molhado era a manifestação física de seus pensamentos: lembranças
de encontros com homens. Seus pés tocavam quase distraídos aquele piso frio.
Anna fechava os olhos e pensava em sexo; sua carne quente encostava-se ao metal
frio. Havia 18 meses exatos que ela estava sozinha ali.
Sua carne devia estar mais quente
que de costume. Quando havia sido a última vez que havia praticado um dos
pecados capitais? Ela pensava, ora em Marcelo, ora em Marco, ora William. Nunca
terminava, em seu pensamento, a foda com o mesmo que havia começado. Ela
trocava o pau que a penetrava, instantaneamente, conforme se lhe atreviam
mudarem os pensamentos. Não havia um roteiro a ser seguido pelos seus homens.
Se lhe ocorria um pinto mais grosso, ela trocava. Sua buceta escorria com esses
pensamentos, mas ela não se tocava com os dedos. Estava recostada à porta
semi-aberta, seu braço levantado revelava sua axila com pêlos, talvez cheirando
a suor. Suas pernas estavam levemente afastadas, deixando entreaberta a sua
buceta rósea. Seu sexo brilhava e era bonito. Seus olhos estavam semi-cerrados,
meio virados, como se ela estivesse num transe. Sua aparência era meio
assustadora. Uma câmera vigiava tudo, do outro lado da câmera, nada. Ela sabia
que não tinha ninguém vigiando a câmera, do outro lado. Depois, ninguém iria
voltar a gravação para ver o que teria acontecido.
Enquanto William lhe enfiava o pau
mais grosso que ela conseguia lembrar, ela interrompeu para pensar no quanto
era estranha a idéia de uma “gravidade artificial” que se liga e desliga, como
ela via nos filmes. Ela pensou então em como toda aquela estrutura estava
girando em torno de um eixo; mentalmente ela comparou as palavras “gravidade” e
“força centrífuga”, pensou em como podiam servir para a mesma coisa, e sorriu.
Lembrou que seus pés estavam descalços sobre todo aquele metal gelado, sentiu
um calafrio e voltou a pensar no pau do William dentro dela. Sua carne estava
quente como se fosse febre. Ela pensou em como uma roupa devia se sentir dentro
de uma centrífuga, depois ela pensou que a roupa molhada talvez pensasse em sexo. Logo em seguida,
Anna estava de volta ao ano de 2004, naquela tarde chuvosa de setembro, Marcelo
estava dentro dela comendo e jurando amor eterno; oito anos depois, ela chupava
Marco sem apreciar muito o sabor daquele líquido que vazava aos poucos, mas
gostando das reações que lhe provocava com a língua, ouvia os urros e gemidos.
Agora ela estava sendo enfiada por Marcelo e chupando Marco ao mesmo tempo,
separados quase oito anos um do outro, mas ao mesmo tempo. Os urros de Marco
encobriam as juras de amor de Marcelo, assim, a tarde chuvosa ficava perfeita:
sem juras de amor eterno.
O metal frio provocava a sensação de
solidão ao seu redor: o ar estava frio. Ela lembrou que gostou de ler uma
biografia de Goebel e que, racionalmente, admirava algumas idéias dele. De
certa forma, aquele metal frio no qual pisava a fez lembrar de Goebel. Ela
lembrou de um vinho tinto que havia bebido a uns três anos, na Alemanha, e que
havia custado exatos 243 euros; ela tentou lembrar o seu sabor e não conseguiu.
Ela tentou se esfregar à porta, mas o frio metal era muito desconfortável. Teve
que usar seus dedos, como na noite anterior, e na semana passada.
Estava bom, mas ela teve que lembrar
novamente dos únicos três homens que a comeram até então. Ela estava cansada
sempre dos três rostos. Ela tinha orgasmos clitorianos muito mais que
satisfatórios, mas ela queria uma imaginação mais fértil. Ela sabe que quando
terminar vai sentir novamente a solidão daquele lugar frio. Esse pensamento
deve ter adiado seu orgasmo em uns cinco minutos.
Ela ficou surpresa quando seu dedo
tocou sua buceta tão molhada. Ela massageava leve e rapidamente. Vez por outra,
seu dedo penetrava um pouco mais sua vagina. Escorregava fácil seus dedos para
dentro daquele sexo. Seus pés já não sentiam mais o frio do metal. Anna já não
escutava de forma alguma os estalos do metal. Ela afastou um pouco mais suas
pernas, flexionando um pouco mais seus joelhos. Começou a gemer alto, lembrando
da vez que o Willian a comeu pela última vez, foi uma semana após o Marcelo ter
dormido fora por precisar terminar uma peça de publicidade, mesmo tendo
prometido a ela um jantar num restaurante. Ela lembrou daquela pulada de cerca
com seu ex e se lembrou que William tinha o pau mais grosso dos três. Sua
buceta molhava todo o seu dedo. Anna imitou seus próprios gritos de gozo
enquanto gozava novamente. Ela mijou ali, de pé. A força centrífuga que imitava
a gravidade fez sua urina escorrer pelas suas pernas ou simplesmente jorrar
para o piso, exatamente na mesma velocidade que aconteceria na Terra. Ela
escorregou pela porta fria e sentou sobre a poça morna que esfriava rapidamente
naquele frio de metal.
Anna se deitou sobre sua poça de
mijo e sorriu, solitariamente. Dentro de um pouco mais de sete meses poderia
transar com alguém de verdade, mesmo que tivesse de pagar. “Mesmo que tivesse
de pagar”, esse pensamento se repetiu em sua cabeça e ela sorriu novamente... e
ela sorriu de estar sorrindo. Ela tentou calcular mentalmente quanto deveria
custar uma trepada com um garoto de vinte anos, bonito. Ela tem certeza de que,
em certa altura, pensou que Goebel enfiava seu pinto germânico em seu cu. Ela
achou esse pensamento particularmente engraçado e sorriu ali, sentada sobre a
poça amarelada que já estava fria. Iria entrar em contato novamente com os
militares por vídeo conferência dentro de umas oito horas. Ela poderia dormir
um pouco antes disso. O tempo que demora entre uma pergunta e outra era
particularmente desconfortável, mas não tinha outro jeito. Ela estava voltando
para casa.
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